Prêmios em 2022
Em 2022 pude receber o prêmio na categoria “Política” no Prêmios Especialistas e o reconhecimento do IREE de Jornalismo após as minhas contribuições nesse ano.
O Brasil perdeu hoje um de seus mais completos artistas e intelectuais. Brilhante em todo o muito que se dispôs a fazer, a desbravar: ator, diretor, escritor, jornalista, sim, comediante, dramaturgo, músico, artista plástico. Jô Soares era enorme não apenas na silhueta, que com a segurança dos que se sabem imensos usava como meme antes dessa palavra existir. Pioneiro, visionário, ousado, inquieto. E generoso acima de tudo.
Foi a Natuza Nery que sugeriu meu nome numa cobertura de buraco na última temporada do #MeninasDoJo. Ela fez isso porque é, também ela, generosa. Fazia um mês que eu tinha sido demitida da Veja em circunstâncias inesperadas, a primeira demissão em 23 anos de carreira (e ainda bem a única até aqui). Como tinha sido titular das principais colunas de política do jornalismo impresso, achava, e disse isso pros amigos, que minha carreira declinaria a partir daquilo. Perfeccionista, cdf, eu sofria com algo que me parecia injusto. Pois as Meninas foi uma primeira experiência que eu tive em TV de forma mais intensa, e ele, que nem me conhecia, foi de um carinho, uma amabilidade, um entusiasmo comigo que eu nunca imaginava receber de alguém que era meu ídolo, e dos meus pais, e de todos, desde que eu era pequena. Estive em oito edições do programa, inclusive na última, em 15/12/16. “A Flavinha te ama!”, ele dizia, e eu sabia que aquele era um elogio importante pra ele.
Me mandava áudios entusiasmados por textos, entrevistas do Roda. Me prometeu voltar ao programa depois da pandemia e quando tivesse “algo novo a dizer”, como se não tivesse sempre. Me deu a honra de me conceder uma entrevista, que dividi com meu amigo Edgard Piccoli e sob a direção de ninguém menos que Nilton Travesso, outro anjo e ícone da TV que eu tive a graça de atravessar a minha vida.
Não, isso não é um “eubituário”, como a crítica blasé costuma apontar logo. É um agradecimento de alguém que sabe o quanto teve sorte num momento tão duro, que, além de tudo, coincidiu com o turbilhão da minha separação. Eu nunca me imaginei possível na TV, até adentrar o estúdio desse programa que foi um marco do jornalismo.
Devo tudo a você, Jô. Descanse em paz, ou agitando tudo, como você preferir.