Prêmios em 2022
Em 2022 pude receber o prêmio na categoria “Política” no Prêmios Especialistas e o reconhecimento do IREE de Jornalismo após as minhas contribuições nesse ano.
Antes de qualquer coisa: não, eu não vi O Gambito da Rainha. Mas como assim???? Pois é, não vi. Estou de férias. Talvez veja, só para não ouvir mais a pergunta e todos os protestos que invariavelmente se seguem à resposta negativa. Isso se eu superar o #bode com o título. “Ahhhh, mas o gambito não é a perna fina…”. EU SEIIIIIIII, acredite!
Ok, feito esse desabafo, não vi muitas séries na pandemia não, mas algumas que vi foram essenciais para manter a família entretida/confortada/junta/não se matando nesse período tenso. E aí é preciso fazer uma distinção: tem as séries, das quais eu vou falar, e tem This Is Us. Outra categoria, outro significado na minha vida e na da minha família, sempre se renovando.
Vamos de história?
Corria o ano da graça de 2017 quando minha amiga Paulinha Carvalho, a fada sensata, me encontrou no banheiro da Jovem Pan e disse: tem uma série que você vai amar. Se chama This Is Us (5 temporadas/ no Brasil pela Fox Premium).
Achei o nome esquisito, mas a mina é boa nisso, então arrisquei. Eu tava separada, e escolhi uma quarta-feira, o Dia Universal dos Filhos com o Pai nas separações, pra ver. Terminei o primeiro episódio capturada pelo looping temporal perfeito e brilhante dos roteiristas, apaixonada pelo Jack Pearson e engatei mais uns 2 episódios.
Quando os filhos voltaram pra casa, peguei o de então 17 anos e falei: tem uma série que quero que você veja. Fiz um recap dos 3 episódios e dali em diante fomos nós dois, juntos, repetindo um ritual que é muito nosso desde Anos Incríveis, que eu dei pra ele num Natal da adolescência.
O ex viu o buzz da gente com a série e começou a ver na solidão do seu lar de separado. E um dia me manda um zap na madrugada dizendo que estava descontrolado de chorar.
Meses depois ele me propôs de a gente voltar, e nós sempre soubemos que This Is Us foi um fio recondutor da gente um na direção do outro, com todas as suas texturas e o seu aprofundamento em família, relacionamentos etc.
Vieram as temporadas 2, 3, 4, sempre os 3 no sofá. Até que na quarentena tudo parou, a série parou, mas voltou agora, já no finzinho. E ganhamos mais um parceirinho.
O caçula começou uma maratona, lááá na temporada 1 com a chegada do Big Three. E agora somos 4. This Is Us now. Seremos sempre nós. <3
Então, tem esse evento na nossa vida. E tem as demais séries. Vamos a elas, então:
The Marvelous Mrs. Maisel (3 temporadas) – Amazon Prime
Não sou das pessoas que amam séries de comédia, mas essa me ganhou. Foi o filho mais velho que trouxe a dica na mala da viagem, vinda da namorada. E lá fomos nós maratonar. Se você ainda não viu, veja. Tem a quarta temporada prometida, e mal vejo a hora (a pandemia trouxe uma incerteza sobre a sua realização ou não). É dos mesmos produtores e roteiristas de Gilmore Girls, e o clima que permeava a série está lá também: na forma como as redes de afeto são construídas, naquele jeitão de comfort food com que os episódios são concebidos, na paleta de cores, na textura. E tem um quê de Mad Men nos figurinos, na reconstituição de época. O pai de Miriam Midge, vivido por Tony Shalloub, talvez seja o personagem mais hilário da dramaturgia recente, isso sem o ator precisar se descabelar em cena. Brilhante.
Ozark (3 temporadas), Netflix
Foi a dica preciosa da fada sensata, Paulinha Carvalho, na quarentena. Com reforço de peso: Mariliz Pereira Jorge. Nessa maratona não consegui a companhia do filho: bobagem dele, iria amar. Eu não dava nada pelo Jason Bateman como ator, não em Juno, nem em Arrested Development, mas ele está muito bem como o patriarca dos Byrde, mas não só ele. O elenco é primoroso, com destaque para as duas gigantes: Laura Linney, a senhora Wendy Byrde, e Julia Garner, a estridente Ruth, atriz da qual ainda ouviremos falar em muitos Oscars e premiações. Sombria, perturbadora, sem concessões moralistas. E com REO Speedwagon, meu povo, o que não é um detalhe para uma garota que cresceu no ABC paulista nos anos 80/90.
Normal People (1 temporada), Amazon/Now
Série britânica já me ganha pelo sotaque. Some-se a isso o fato de eu ter lido o livro em 1 dia, grudei na TV e devorei os 12 episódios em 2. Poucas vezes vi uma adaptação tão bem feita de um livro para as telas. O clima, a trilha sonora, a escolha dos atores: você não consegue mais imaginar Cornnell e Marianne com outra cara que não seja as de Paul Mescal e Daisy Edgar Jones (não por acaso ela é a cara da Anne Hathaway, pra aumentar os pontos de contato entre o livro/série e o livro/filme Um Dia). Seria egoísmo pensar numa segunda temporada? Eu PRECISO saber o que acontece depois, serião mesmo. Tipo a trilogia do Amanhecer/Anoitecer/Por do Sol etc.
Modern Love (1 temporada), Amazon Prime
Sonho de consumo de uma jornalista com aspirações a roteirista, como eu: transpor para uma série uma coluna de jornal. No caso, as histórias reais de amor que o The New York Times publica semanalmente deram origem a essa série delicada, moderna, de fato, com um elenco estelar. Duas das já citadas aqui nessa resenha — Anne Hathaway e Julia Garner — e mais Tina Fey, Dev Pattel, muita gente. E a TRILHA SONORA? Depois de ler esse texto, vocês, duas pessoas que entraram aqui, baixem a trilha de Modern Love, Normal People AND This Is Us (ih, guenta que tem mais nesse quesito). Como tudo no mundo, iríamos ter uma segunda temporada até que a MALDITA pandemia atrapalhou tudo. O último episódio é um monumento de construção de roteiro, pelo modo como dá o fecho à série. Terminei aos prantos e aplaudindo. Ah, sim! Com o filhote mais velho, a melhor pessoa do mundo inteiro para você assistir série junto <3.
Home Before Dark (1 temporada), Apple TV+
Quer dizer: uma das melhores pessoas! O pequeno também é diversão garantida. Ele tem opiniões definitivas sobre tudo, ama/odeia os personagens com a mesma intensidade e diferença de 5 minutos. Não por acaso eu vejo muito dele na Hilde, personagem dessa série ideal para ver com pré-adolescentes. Tem jornalismo (hmmm), mistério, história de conexão de pais e filhos e… TRILHA SONORA GENIAL. Ah, também tem o gato do Jim Sturgees, que não via desde o supracitado (chique) Um Dia, e a genial Brooklyn Prince, a nova menina-prodígio de Hollywood (não, ainda não vi o filme de terror dela, mas a trilha tmb é legal). O senão dessa série: precisávamos mesmo da segunda temporada? Por que essa mania de não deixar as obras simplesmente acabarem?
Essas foram as testadas e aprovadas. Tem as que estão em processo de serem assistidas, ainda com mixed feelings (The Undoing e a segunda temporada de The Umbrella Academy, esta com o pequeno crítico). E tem as que não rolaram, tipo a palhaçada que inventaram de fazer mais uma temporada de 13 Reasons Why (blergh).
E tem saudade? Tem. Não vemos a hora de rolar a volta de Stranger Things, a segunda série que une os Fab Four em frente à TV. This is us, é nóis, gente…
Como bônus, fica nossa compensação pela saudade dos meninos de Hawkins, que foi esse vídeo de carpool que deu origem à mania auditiva da quarentena, essa música aí:
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Vera,
Admiro muito seu trabalho no jornalismo brasileiro. Ler uma coluna desse tipo (e, acredite, não serão só 2 pessoas que irão fazer isso, rs), feita por você, proporcionou-me aquele “quentinho” no coração, como a maioria dessas séries que você pontuou também fazem.
Obrigado por isso.
Pedro.